Acabar com a reeleição seria o primeiro passo de uma reforma
política ideal. Não falo só da reeleição de cargos do executivo (prefeito,
governador e presidente), mas de todos os cargos eletivos. O cidadão poderia se
candidatar uma única vez a um cargo executivo e uma única vez a um cargo
legislativo (vereador, deputado estadual e federal e senador). Isto porque,
entendo que a pessoa não deveria ser político e sim estar político. Não deveria
existir o político profissional, mas sim um cidadão que tem sua vida normal,
vira político, cumpre seu mandato no cargo que foi eleito e, ao fim deste
mandato, retorna para sua vida normal e para seu trabalho.
Atualmente, no Brasil, política é profissão para a vida
toda. Existem casos de políticos que trabalham como deputado, por exemplo, há
mais de vinte anos. Com todo esse tempo, não é difícil acabar confundindo sua
vida pessoal com sua vida pública, pois, depois de décadas, sua vida pública
vira sua vida pessoal. Portanto, um mandato único, para os cargos legislativos,
tornaria muito mais difícil este tipo de confusão, diminuindo, em tese, a
corrupção que assola este país. Além disso, não haveria tempo suficiente para
um político corrupto fincar raízes e elaborar grandes esquemas de desvio de
dinheiro e afins, o que também tenderia a diminuir os elevados níveis de
corrupção existentes no Brasil.
Outro aspecto interessante do fim da reeleição seria a
rotatividade de nossos representantes, o que considero extremamente salutar para
uma democracia. Um grupo muito maior de pessoas poderia representar sua
comunidade ou seu grupo ideológico, tornando nossa democracia muito mais
participativa e a população em geral muito mais atuante na organização da
sociedade. De quatro em quatro anos haveria a reformulação quase geral das
casas legislativas (a única exceção seria o senado que renova só uma parte de
seus membros a cada quatro anos), o que possivelmente faria nossos
representantes ficarem mais perto da população e de seus problemas. É bem
complicado um deputado federal que mora e trabalha décadas em Brasília, estar
totalmente antenado com o estado da federação que ele representa, seja São
Paulo, Minas Gerais ou Amazonas, já o cidadão que trabalha e vive no seu
estado, e depois de seu mandato único voltará para lá, tende a estar muito mais
conectado com os problemas locais.
Além disso, seria o fim de políticas populistas, uma vez que
com um mandato único não existiria motivo para se fazer políticas que dão
votos, mas no longo prazo são destrutivas para sociedade. As políticas públicas poderiam ser formuladas para o interesse da sociedade, mesmo que com objetivo no
longo prazo (o que hoje é impossível, uma vez que o longo prazo não dá voto). O político voltaria a ser um cidadão normal após seu mandato e seu
interesse maior seria viver em uma sociedade melhor quando isso acontecesse.
Obviamente existiriam os políticos que agiriam em interesse próprio (como
existem atualmente), esses deveriam ser responsabilizados e punidos (como
deveriam ser hoje em dia).
Portanto, o mandato único (um para o legislativo e
outro para o executivo) traria uma participação maior da sociedade e acabaria
com a profissão de político, diminuindo o tráfico de influencias, a corrupção e
a perpetuação de poucos no poder. Em uma democracia, o poder é do povo e não de
poucos eleitos que ficam uma vida inteira se utilizando dele. Com o fim da
reeleição, todos poderiam participar de uma maneira muito mais efetiva do
desenvolvimento da sociedade.
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