Conforme contado no texto anterior (Antes da independência: Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves), fortes
transformações ocorreram no Brasil a partir da chegada da família real em 1808.
O país deixou de ser uma colônia para se tornar um reino integrado a Portugal e
viu se desfazer uma série de limitações para seu desenvolvimento, que era
anteriormente imposto pela metrópole, se tornando a corte e centro decisório do
reino.
No entanto, isso tudo começou a mudar em 1820, quando se deu a Revolução Liberal do
Porto e a família real retornou a Portugal, deixando no Brasil, como príncipe
regente, o herdeiro do trono, D. Pedro. Com esse retorno da corte a Lisboa, a elite portuguesa começou a
pressionar o rei para que o Brasil fosse recolonizado e perdesse toda a
autonomia que ganhara nos anos anteriores. Em terras brasileiras, tal noticia
provocou revolta em muitos e acabou dividindo o país. Os liberais radicais
queriam a independência e democratização do país, a aristocracia rural do
sudeste (elite econômica) não queria que o Brasil perdesse
autonomia, mas era a favor da monarquia e que as coisas
continuassem como estava (autonomia como reino unido) e os portugueses (ou aliados de Portugal) eram a favor da coroa portuguesa.
As discussões políticas continuaram até que, no final de
1821, D. Pedro recebeu um decreto das Cortes Portuguesas exigindo seu retorno
imediato a Lisboa. As elites brasileiras ficaram alarmadas com essas ordens que
poderiam significar a recolonização do país ou uma revolução dos radicais e
a aristocracia brasileira não queria nem uma, nem outra (não queriam perder a autonomia
comercial e nem os privilégios da nobreza). Então, buscaram apoio na cidade e
nas outras províncias para que o príncipe regente permanecesse no Brasil e, com
esse apoio demonstrado, D. Pedro desobedeceu as ordens das Cortes Portuguesas e
disse a célebre frase: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou
pronto. Digam ao povo que fico!". Este dia ficou conhecido como o
dia do fico.
Esta decisão deu enorme apoio popular ao príncipe que, alguns
meses depois, determinou que qualquer lei vinda de Portugal, só seria válida
no Brasil com sua assinatura e o seu “cumpra-se”, o que aumentou bastante a
autonomia brasileira e a cisão entre o príncipe e as Cortes Portuguesas. A partir disso,
tropas leais a Lisboa confrontaram tropas leais ao príncipe, que acabou sendo
vitorioso e expulsando os derrotados do Brasil. Com o país em
ebulição, D. Pedro viajou a São Paulo para acalmar a cidade após uma rebelião
contra José Bonifácio, um dos seus principais aliados. Quando se encontrava lá, às margens do Rio Ipiranga, recebeu três cartas, uma do pai (rei de
Portugal) exigindo sua volta, outra, de José Bonifácio, dizendo que era o momento da
separação com Portugal e uma terceira, de sua esposa, apoiando Bonifácio. Sob
essas circunstâncias, no dia 7 de setembro de 1822, D. Pedro pronunciou uma das
frases mais marcantes da história do país: “independência ou morte”,
rompendo com Portugal e declarando a independência do Brasil.
Em
outubro do mesmo ano, o príncipe foi proclamado imperador do Brasil e coroado
na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, na cidade do Rio de Janeiro. A
independência no sudeste brasileiro, principalmente nas principais cidades, foi
conquistada com rapidez e sem empecilhos. No entanto, em algumas províncias do país, uma guerra
que durou vários meses se desenrolou (ler mais sobre a guerra de independência
em: “Independência ou morte”). Embora, essas províncias em guerra só tenham
conseguido a independência meses depois, a data de 7 de setembro, que marcou o
inicio do processo, entrou para história como o dia da independência do Brasil.
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