Chega ao fim mais uma eleição para presidente do Brasil.
Confesso que por gostar de política e achar que é de suma importância que toda
população faça parte do processo de escolha de seus representantes, achava
muito triste a pouca participação do brasileiro nos períodos eleitorais, um
desinteresse muito grande por algo tão importante na vida de todos. No entanto,
o que aconteceu nestas eleições foi um exagero, um acompanhamento muito emocional de algo que deveria ser feito de maneira bem mais racional.
Como o brasileiro é um povo extremamente passional, já era
de se esperar que quando as eleições atingissem uma discussão mais ampla entre
a população, a emoção faria parte da disputa. Todavia, essa emoção deveria
ficar como coadjuvante e não como estrela da campanha política. As pessoas
acompanharam esta eleição como torcem para seus respectivos times de futebol
(no futebol sim, impera, e deve imperar, a emoção), colocando a paixão na
frente da razão. Seus candidatos eram perfeitos e não erravam, sendo qualquer
prova inútil para mostrar o contrário. Do outro lado, seus adversários eram
monstros maus que saiam do armário durante a noite para assustar as criancinhas.
Nem um, nem outro. Os dois candidatos têm suas qualidades e
defeitos, os dois partidos também. O que difere, de fato, é como o eleitor quer
ver o país. O candidato da situação tende a manter o país como está, se o
eleitor, de maneira consciente, acha que o Brasil está no caminho certo, deve
eleger este candidato. Já o candidato de oposição tende a mudar o país, implementar outra linha ideológica de governo, se o eleitor quer mudar, de maneira consciente, deve
eleger este. Ou seja, não existe certo ou errado. O que existe é uma escolha
pessoal de cada eleitor. O que não pode acontecer é o voto sem consciência, de cabresto, comprado ou similar. Mas, se a pessoa conhece as qualidades e defeitos de seu
candidato e de seu governo, e vota achando que é o melhor, é uma escolha
democrática.
Por isso, é um absurdo as brigas entre partidários de
ambos os lados noticiados pela mídia. Pessoas transformando vias públicas em
ringues de luta livre, só porque o outro escolheu um caminho político diferente
do seu. Redes sociais transformadas em área de insultos a candidatos e
eleitores deste candidato, extrapolando todos os limites do razoável. É muito
produtivo (e muito importante) apresentar e divulgar propostas do que se
considera melhor para o país, melhorar o Brasil depende de todos, mas isso deve
ser feito com respeito aos candidatos (que são pais e mães de família) e aos
eleitores deste candidato. Devem ser apresentadas e divulgadas propostas
políticas e não qualquer boato que aparece nas redes sociais e muitas vezes não traduzem a verdade. É
democrático e salutar o debate e a troca de ideias, já a desconstrução, muitas
vezes difamatórias, de algum candidato e a agressão não. Respeitar quem pensa
diferente é essencial em uma sociedade civilizada. Por fim, poucas coisas
traduzem mais a liberdade, o respeito e a democracia do que a frase atribuída ao iluminista francês François Marie Arouet (“Voltaire”): “Posso não concordar com nenhuma palavra
que diz, mas lutarei até a morte pelo seu direito de dizê-las”.
Realmente a campanha não foi das melhores e deixou o grupo habituado a abster-se com mais motivos para continuar, sem interesse em participar da "política propriamente dita". Isso é mal para o país. Participar da política, não ir para as ruas digladiar.
ResponderExcluir