As redes sociais são um prato cheio para se divulgar
qualquer coisa, como noticias importantes, noticias falsas, curiosidades e até
para se fazer todos os tipos de comparações. É comum você receber um quadro,
desenho ou um texto fazendo comparação entre as mais diversas coisas e, na
maioria das vezes, a intenção é provocar a indignação sobre determinado assunto na pessoa que vê a
postagem.
Por exemplo, há pouco tempo atrás circulou nas redes sociais um quadro
comparando o salário do jogador de futebol Alexandre Pato, do jornalista Pedro
Bial e de um professor anônimo, afirmando que, enquanto os dois primeiros
ganham milhões, o professor ganha muito mal.
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Sim, o professor, principalmente de nível fundamental, ganha muito pouco em nosso país e somente isso já é motivo para indignação, no entanto, a comparação acima relatada não faz qualquer sentido.
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Sim, o professor, principalmente de nível fundamental, ganha muito pouco em nosso país e somente isso já é motivo para indignação, no entanto, a comparação acima relatada não faz qualquer sentido.
Isto porque cita dois profissionais fora de série, que geram
muito dinheiro para seus empregadores (e por isso ganham muito bem) e compara
com o pior salário pago ao professor.
A comparação certa seria entre o pior
salário de um jornalista ou de um jogador de futebol com o pior de um
professor, mas, neste caso, não haveria indignação, pois, seriam ganhos
semelhantes provavelmente. Lembrando que menos de 1% dos jornalistas e
jogadores de futebol ganham o que os dois citados logo acima ganham e eles só
ganham isso porque trazem um retorno enorme para quem os paga.
Ninguém dá tanto
dinheiro de graça para ninguém, existe uma troca entre as partes. Então, os
dois ganham muito, pois o talento e o trabalho de ambos ao longo de suas
carreiras proporcionou isso. Essa remuneração não é à toa e não pode ser
comparada a de um profissional normal. Seria o mesmo que pegar um professor
estrela de cursinho que ganha muito bem e comparar com o jogador de futebol Xandinho do XV de
Tangamanguapio, que ganha salário mínimo, e dizer que professor ganha muito mais
que jogador de futebol. Não faz sentido.
Outra comparação comum e equivocada, tentando causar
indignação quanto ao preço dos imóveis no Brasil, é a de um casarão lindo e
arrumado em uma área fora de um grande centro urbano americano (algumas vezes
até bastante afastado) com um apartamento caindo aos pedaços em uma área nobre
do Rio ou São Paulo. Sim, os preços dos imóveis no Brasil estão muito caros,
mas novamente a comparação é totalmente equivocada.
Como os próprios americanos dizem, os pontos mais
importantes na avaliação de um imóvel são: location, location and location
(localização, localização e localização). Então, um imóvel em uma área nobre de um grande centro só pode
ser comparado com outro imóvel de uma área nobre de um grande centro.
Um apartamento ou casa na zona mais cara de uma cidade importante sempre vai ser
caro e é normal que seja mais caro que uma casa no interior, mesmo que ela seja
bem maior e mais bonita. Ou seja, se for comparar um apartamento nos Jardins ou
Leblon, a comparação mais adequada é com outro imóvel em uma boa região de Nova Iorque ou São Francisco e não com uma casa do interior, afastada do grande centro, que deve ser comparada com uma fora da cidade
aqui também. Desta maneira, você estará comparando coisas parecidas e não laranjas com maçãs como normalmente acontece nas redes sociais.
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O que esse texto quer dizer com isso tudo é que as pessoas recebem informações
em uma velocidade impressionante e a todo o tempo, por isso, precisam refletir sobre essas informações recebidas e saber realmente do que se tratam
antes de ficarem indignadas, algumas vezes pelos motivos errados, e compartilharem coisas que
podem levar a conclusões bastante equivocadas.
Nos exemplos acima, as
comparações eram equivocadas, mas as conclusões não, todavia, nem sempre é assim, é
preciso atenção.
Portanto, antes de repassar uma comparação destas, tente
entender se ela faz mesmo sentido e só compartilhe se fizer.
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Eu concordo com você mas gostaria de fazer algumas observações.
ResponderExcluirDe fato a melhor comparação é entre os melhores e os piores salários de cada área. Mas eu tenho toda a convicção de que a intenção, mais do que comparar vencimentos, é demonstrar os valores distorcidos de nossa sociedade. Pois jogadores de futebol e jornalistas tem lá o seu valor, mas o professor também tem, e muito, e falta esse reconhecimento.
No caso da comparação entre imóveis, penso que a sua observação sobre a necessidade de equivalência não cabe, pois no Brasil, as áreas mais valorizadas são as mais próximas do centro das cidades, em oposição ao subúrbio, abandonado e desvalorizado.
Nos Estados Unidos, em grande parte das cidades, é o contrário. Os imóveis mais valorizados ficam justamente nos subúrbios, que são limpos, silenciosos e organizados, em comparação com o centro poluído e barulhento. Isso complica um pouco a questão da comparação.
Um abraço.
O centro pode ser muito mais valorizado que o subúrbio, as grandes cidades tem apartamentos que valem fortunas no centro
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